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Verão, férias e convivência intensa em família. Época em que os pais precisam treinar a sua firmeza na questão do limite e do uso do não em suas crias: é picolé antes do almoço, não quero ir embora da praia, não quero dormir no horário de sempre, pra que banho se eu já tomei banho de piscina e por aí vai ?.


Todos sabemos que pode parecer mais fácil, então, ceder. Ceder porque, enfim, é férias, porque passamos pouco tempo com eles não queremos briga. Mas, só parece. A médio e longo prazo o resultado é muito danoso. Especialmente porque as mensagens dadas pelo ambiente devem ser estáveis, ou seja, mais ou menos sempre as mesmas. A oscilação das mensagens gera confusão e instabilidade na criança (o que muitas vezes depois resulta no comportamento de irritação e birra que não sabemos de onde saiu; saiu da confusão dentro do mundinho interno da criança, causada pelas mensagens ambivalentes dos adultos). Obviamente eu sei que isso não ocorre por mal! Aliás, quero muito tirar essa ideia erradíssima de que os psicólogos (pelo menos aqueles bem formados) culpam os pais. Não se trata de culpa, mas de responsabilidade sobre o desenvolvimento daquele ser humaninho ?.



E, para quem costuma ter a mensagem de permissividade, fica a dica de tentar mudar um pouquinho a postura... é para o bem deles, e para o bem a sociedade em que eles vão fazer parte (e construir) um dia. O não é organizador da personalidade, integra os impulsos da criança que são, até uma certa idade, isentos de racionalidade. Os adultos precisam, até certo tempo, ajudar a criança a aprender a pensar e medir consequências. Para quem tem a mensagem do rigor excessivo, a dica de equilíbrio é a mesma. A rigorosidade em excesso gera afastamento da criança, empobrecimento das relações de confiança nela mesma e nos seus cuidadores.


Abaixo eu vou colocar algumas das dicas que eu enviei pra coluna da @realcris.silva lá por novembro do ano passado. São dicas bem baseadas nas teorias psicológicas clássicas, numa tentativa de ajudar um pouco os adultos que estão passando por isso.


Seguem ?
















O que pode ser negociável e o que é de fato uma negociação autêntica:


  1. o escolher entre duas ou três peças de roupas, sapatos, não entre todo o guarda- roupas;
  2. o escolher qual alimento saudável vai ser consumido, e não se vai ou não ser consumido;
  3. o escolher se fica brincando até a hora do banho ou se prefere ver tv até a hora do banho, por exemplo - e cumprir isto;
  4. a negociação é dentro de limites pré-estabelecidos pelo adulto, jamais com todas as possibilidades na mesa.


Os cuidadores precisam observar a diferença entre uma negociação autêntica e uma chantagem, que altamente prejudicial para a saúde mental mas que ocorre muito mais do que desejaríamos. O que seria uma chantagem:


  1. se tu não tomares banho a mamãe vai chorar;
  2. se tu continuares chorando vou te deixar aqui;
  3. se fizeres ou deixares de fazer tal coisa a mamãe não vai mais gostar de ti.


Mentiras também não são nada positivas, mas às vezes são as armas que os adultos, sem muita ideia do seu dano, encontram:


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Esses exemplos mostram as dificuldades dos pais/ambiente e mesmo o seu temor de dizer um não e arcar com o que virá: o choro, a teimosia, o ?eu te odeio?, ?tu é a pior mãe do mundo?. A falta do não muitas está mais ligada a incapacidade dos pais de lidarem com essa avalanche de sentimentos da criança do que a outras coisas. É importante pensar nisso, sem preconceito.


Toda essa questão, como a maioria das questões da infância, é relacional, de pelo menos duas partes, adulto/ambiente e criança. Esperamos que as crianças possam ser crianças (com limites para serem adultos melhores) e que os adultos possam ser adultos e desempenhar seu papel de formadores de novas pessoas!


É isso pessoal! Podemos conversar sobre isso!

Até!